A Arena é uma boa para o Grêmio
do blog de Helio Paz
http://heliopaz.com/2009/11/28/podem-confiar-a-arena-e-uma-boa-para-o-gremio/
PODEM CONFIAR: A ARENA É UMA BOA PARA O GRÊMIO
Sou um cara muito difícil de ser convencido. Embora não tenha deixado meus valores, minhas crenças, meus princípios e a minha ideologia de lado e seja pouco flexível em relação a isso, estou sempre aberto ao diálogo. Independentemente do ambiente e das pessoas, o grande aprendizado que eu tive no mestrado foi exatamente o de aprender a argumentar e ouvir o argumento do outro. Para criticar, é necessário ter conhecimento de causa. E, para elogiar, é preciso reconhecer o mérito – falar bem só porque se acredita em algo ou em alguém ou por mera simpatia não contribui em nada para a sociedade.
Apesar de não poder revelar uma série de informações que poderiam ser utilizadas de uma forma nada favorável (e, aí sim, comprometedora não apenas para os interesses da torcida do Grêmio mas para aspectos verdadeiramente positivos para a nossa cidade), hoje, depois de quase três anos e meio de ceticismo, desconfiança e extrema preocupação, pude finalmente compreender a complexidade que é encontrar uma forma que não prejudique a cidade e tampouco a existência do Grêmio como clube.
Quem fique bem claro: assim como não ganhava e não perdia nada enquanto mantive a minha posição contrária à Arena do Grêmio, da mesma forma, não irei ganhar nem perder nada apoiando a sua realização (que está mais próxima do que se possa imaginar, além de não ser mais uma mera animação de computador).
Em princípio, eu não cria na gestão técnica, estratégica, administrativa e financeira da Arena do Grêmio tocada por Paulo Odone e Eduardo Antonini (assim como também não creio na sua forma de fazer política na Secretaria Municipal da Copa 2014, mesmo com interesses diferentes dos da relação da dupla com o Grêmio). Felizmente – a meu juízo e para meu gosto – a condução do projeto ficou a cargo de Adalberto Preis.
Aliás, preciso falar sobre o Preis não como conselheiro nem como presidente da Grêmio Empreendimentos Ltda.: me arrependo de ter apoiado Odone na eleição presidencial de 2004, pois o clube poderia estar em um outro patamar de confiabilidade e de respeitabilidade.
Com isso, não quero dizer que – para o Grêmio e exclusivamente dentro do Grêmio – Odone não tenha sido importante. E, inegavelmente, ele foi um dirigente vitorioso e capaz, sim. Contudo, sua personalidade e a sua atitude não dão indícios públicos de que ele seja suficientemente democrático, nem tampouco que ele permita uma ação transparente e independente de quem estiver subordinado a ele.
O fato de ele ter ameaçado largar a presidência do clube caso ele não viesse a ser o presidente da Grêmio Empreendimentos Ltda. e de ter tentado impor o nome do conselheiro omisso e segundo pior gestor público da história do Rio Grande do Sul Antônio Britto mostra que esgotou-se a sua contribuição direta nos altos escalões do clube. Então, mesmo que sempre mereça respeito como cidadão e como gremista, mesmo que haja algumas dezenas de conselheiros antigos que pensam e agem sob essa mesma dinâmica, esse é um tipo de caciquismo que não poderia mais ter espaço dentro do clube.
O conselheiro Carlos Josias (uma pessoa que conheço há pouco tempo, por quem nutro um grande apreço) descreveu muito bem as relações entre os próceres, caciques ou cardeais e alguns dos seus escudeiros mais próximos nos últimos 25 anos no blog Grêmio Sempre Imortal. Assim como em Brasília, que meu pai descreveu como uma grande confraria na qual o pau só canta na hora de propor e de votar alguma lei, no Grêmio também há relações que se estremecem mas que retornam a um bom termo e vice-versa a um ritmo espantoso.
Em relação à OAS, obviamente, jamais me esquecerei das informações que li na revista Caros Amigos. Também não deixo de me preocupar com as questões ambientais e urbanas de Porto Alegre. Todavia, um processo é um processo e um contexto é um contexto: enquanto não ocorrer nada comprovadamente favorável ou desfavorável no empreendimento em relação a Porto Alegre, ao Rio Grande do Sul, ao erário ou ao Grêmio, apesar de haver algumas considerações bastante graves no que tange à especulação imobiliária, à leniência e à ignorância dos vereadores e à omissão da sociedade, também é preciso admitir que o movimento feito por pessoas e entidades que resistem à esse tipo de pressão talvez associem elementos dissociados ou dissocie elementos que poderiam ser encaixados tanto para a compreensão desses fenômenos quanto para a articulação institucional e legal necessária a fim de evitar equívocos que perdurarão por muitas décadas prejudicando a nossa salubridade.
Há muito o que dizer. Porém, infelizmente, não tenho autorização para fornecer maiores detalhes. Na hora certa, vocês estarão a par de uma série de acontecimentos. O máximo que posso adiantar é o seguinte:
1) O Grêmio não vai acabar e tampouco se apequenar;
2) Muitos técnicos já fizeram a OAS reformular as suas pretensões leoninas: as receitas do Grêmio não serão canibalizadas enquanto o estádio pertencer à OAS, o número de vagas no estacionamento será parelho com o que hoje existe no Olímpico e o Grêmio terá mais votos com poder de veto nas reuniões de trabalho do que o que fora previamente anunciado;
3) A Arena terá alto padrão de qualidade e de materiais garantida. E, mesmo precisando seguir as normas técnicas da FIFA em termos de acomodações, estrutura de alimentação, vias de acesso, iluminação, limpeza, visibilidade, comodidade e segurança, não haverá luxo;
4) Embora a questão do associado ainda deva ser discutida somente mais adiante, a tendência é a de que a mesma hierarquização de direitos e deveres relacionados às modalidades hoje existentes e às mais antigas acabe sendo obedecida. Talvez essa seja o quesito que deva ser mais fiscalizado por todos os gremistas;
5) A imprensa mente, distorce, omite, ignora, informa mal e não possui interesse nem capacidade de traduzir a informação técnica necessária à compreensão do torcedor. Assim como nas questões política e econômica é mais do que certo de que o pior jornalismo do país é o gaúcho, o mesmo se reflete no esporte;
6) O projeto existe. O terreno está tapumizado. A posse está tomada. Os acordos de transferência das instituições com imóveis e atuação social no Humaitá já estão definidos;
7) A quantidade e a altura dos prédios do entorno da Arena terão altura menor do que a esperada. Isso não tem nada a ver com a Arena ou com o Grêmio, pois são projetos da OAS com escritórios de arquitetura e com empresários locais. Da mesma forma, o que será construído na Azenha assim que a Arena estiver pronta e a OAS tomar posse da área do glorioso Estádio Olímpico Monumental refere-se tão-somente à OAS e aos seus parceiros. Portanto, em termos de PDDUA, EIA-RIMA, cone de aproximação aérea, etc., qualquer desobediência – ou tentativa de – não terá relação alguma com o Grêmio Football Portoalegrense nem com a Grêmio Empreendimentos Ltda. (não, não será uma S.A.);
8) A Arena do Grêmio será meno sustentável do que se gostaria, porém muito mais sustentável do que se espera. Uma das empresas que foi contratada pelo Grêmio para fiscalizar o andamento do projeto e para fiscalizar também as ações tanto das empresas envolvidas como do poder público caracteriza-se pela enorme preocupação com o meio ambiente. Um dos diretores responsáveis conhece estádios sustentáveis ao redor do mundo e pretende interferir no projeto a fim de tornar realidade algumas possibilidades que já estão sendo desenhadas como, por exemplo:
a) Cisternas para aproveitamento da água das chuvas;
b) Uma empresa alemã especializada em placas fotovoltaicas já entrou em contato para implantar o seu trabalho na cobertura da Arena do Grêmio.
Diante de todas essas informações, mesmo sem partilhar daquela paixão e daquela torcida pela Arena sobre a Arena em si e sem JAMAIS desvalorizar ou desdenhar do pensamento do querido dr. Hélio Dourado a favor de uma reforma do Olímpico técnica e financeira inviável, considero necessária a atenção, a fiscalização e, acima de tudo, a necessidade de todos os gremistas procurarem fazer com que tudo corra melhor do que a encomenda.
4 comentários:
Marcos
Não dá para afirmar que a Arena será auto sustentável e, que com a troca de estádio, a performance do Grêmio irá melhorar.O custo de manutenção será bem relevante. Falo sem medo de errar.
Passado todo esse tempo,ouvindo diversas manifestações de defensores do empreendimento em andamento, mais estou convencida que dificilmente os objetivos pretendidos, pelo menos, os explícitos serão atendidos.
Li,inclusive, estudos de economistas da ONU que estudam as relações entre este tipo de empreendimento e, um possível, retorno financeiro originado no período pós Copa do Mundo.
A pergunta dos economistas é o que fazer com os elefantes brancos, depois do evento esportivo? O objeto de análise desses profissionais, tinha como referência os estádios construidos pela Coréia do Sul.
A Arena será autossustentável e rentável para o clube.
A preocupação com o meio ambiente é mundial. Provavelmente, todos os empreendientos futuros estarão voltados para o meio ambiente. E serão construídos não apenas para minimizar os impactos ambientais, mas para ajudar o meio ambiente.
E considero o Dr. Preis uma pessoa muito competente. E em relação ao Odone, realmente, Dr. Preis sabe lidar com negócios melhor e com mais competência sem envolver interesses pessoais.
Ou sem ter o sentimento narcisista de que foi o mentor do negócio.
Teremos um estádio luxuoso para o padrão brasileiro. Pode não er para o padrão Europeu, mas para nós, sendo do Grêmio, será o melhor.
O negócio Arena é bom para o clube e para o investidor.
Só uma correção: o texto foi originalmente publicado no meu blog e é de minha autoria. O Marcos me mandou um e-mail pedindo para publicar no seu blog e permiti prontamente.
Desde que integralmente e com os créditos corretos, não me importo que seja distribuído.
[]'s,
Hélio
Maria,
O que sei em relação à questão econômica é que o conceito de arena multiuso NÃO FUNCIONA.
O Atlético PR pensou que faria seis grandes shows/ano na Arena da Baixada (não sei mais se o atual naming rights ainda é Arena Kyocera). Porém, foram apenas dois em seu 1º ano, um no 2º, um no 3º e nenhum daí em diante.
Os chineses não sabem o que fazer com o Ninho de Pássaro. Na Grécia, o Estádio Olímpico de Atenas sofre do mesmo mal: apesar de abrigar os jogos de três dos quatro maiores clubes de toda a península, nunca lota e, quando não há clássico, o público é "de Gauchão".
O Grêmio está comprando um estádio. A moeda de troca é a área da Azenha. A negociação não inclui pagamento da dívida do clube. Considero necessário um novo estádio. Porém, é tecnicamente impossível reformar o Olímpico decentemente.
Além disso, ninguém aceita - por questões (a meu ver, infantis) de rivalidade e de segurança - por o estádio abaixo pra construir um novo no mesmo lugar, por módulos, reduzindo a capacidade do Olímpico durante a consecução de cada módulo ou, então, alugando o Beira-Rio.
Muitos apostam que o Tradicional Adversário (p/quem me conhece, me aproprio dessa expressão que foi a única herança positiva do ex-presidente Rafael Bandeira dos Santos e também a abrevio como T.A. - não uso as palavras rival, coirmão nem o nome deles) não conseguirá financiamento barato para fechar o estádio José Pinheiro Borda. Então, a Arena do Grêmio parece bem mais viável, apesar do modelo de negócio que exige um faturamento muito mais baixo como parte do pagamento.
Enfim... Me preocupo com questões ambientais, com a lisura da OAS e, acima de tudo, com a manutenção dos direitos do associado.
Fiscalizemos...
[]'s,
Hélio
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