sexta-feira, novembro 09, 2007

O caso Detran e implicações paralelas

09 de novembro de 2007
Rosane de Oliveira
Para perder o sono
Os detalhes da investigação do escândalo do Detran revelados pela repórter Adriana Irion na página 6 desta edição sugerem que o terremoto provocado pela prisão de 13 pessoas na terça-feira é de baixa intensidade perto do que vem por aí. Combinado com a revelação de Humberto Trezzi, de que pelo menos dois dos presos já aceitaram o benefício da delação premiada, quem tem alguma culpa no cartório ganhou bons motivos para perder o sono. Ingredientes para aumentar o teor explosivo do escândalo não faltam nas mais de mil páginas do inquérito da Polícia Federal, que inclui o despacho da juíza Simone Barbisan Fortes. Há gravações de conversas combinando a divisão da propina. Há empresa laranja com movimentação milionária, registrada em nome de uma dona de casa de Torres e que tem como procuradora a advogada Patrícia Bado, mulher de Carlos Ubiratan dos Santos. Essa empresa teria feito um empréstimo de R$ 500 mil para Carlos Ubiratan. Há, ainda, o pagamento de R$ 4,1 milhões a um escritório de advocacia ao qual o irmão do ex-secretário José Otávio Germano é ligado desde o final de 2005.A teia de relações estabelecidas no inquérito explica a previsão dos policiais, de que o número de indiciados será bem superior ao de 13 detidos. Logo, é cedo para concluir que nada foi encontrado contra quem ficou fora da lista dos pedidos de prisão temporária.
Endereço nobre
Das 13 pessoas presas pela Polícia Federal, o único que mora em flat é o tesoureiro do PP, Antônio Dorneu Maciel, ex-diretor da CEEE.
Vizinhos contam que Maciel foi preso no próprio apartamento, no quarto andar de um edifício na Avenida Independência.

Desconforto no camarote
Os jogos do Grêmio no Olímpico não serão mais os mesmos depois da descoberta da fraude no Detran.
Dois dos presos por suspeita de envolvimento no esquema, Flavio Vaz Netto e Antônio Dorneu Maciel, freqüentam o mesmo camarote do deputado José Otávio Germano, ex-secretário da Segurança.
Ex-presidente do Grêmio, Germano levou outros gremistas ilustres para trabalhar com ele: Jayme Eduardo Machado era ouvidor da Secretaria da Segurança e José Alberto Guerreiro presidente do Conselho Estadual de Trânsito, cargo não-remunerado.

Explicações sobre irmão
Desde terça-feira, quando estourou o escândalo do Detran, os telefones do deputado José Otávio Germano (PP) não param.
Ontem, o ex-secretário da Segurança teve de dar explicações sobre a menção, pela juíza Simone Barbisan Fortes, ao nome de seu irmão caçula, Luiz Paulo Germano, como sócio do escritório de advocacia de Carlos Dahlem da Rosa, que teria recebido R$ 4,1 milhões da Fatec.
Germano disse que o irmão não é acionista do escritório, e apenas presta serviços eventuais para Carlos Rosa. O ex-secretário confirmou que é amigo do advogado.
- A Polícia Federal investigou e não encontrou nada contra meu irmão. Não consigo entender por que a juíza usou o nome dele e ainda com uma informação errada - disse.

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