quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Libertadores: A barbada de 2006 não se repetirá

O Grêmio começa hoje a busca por mais um Campeonato da América, o que todos torcemos seja coroado com o "tri", afinal o lema do gremista neste ano é "soy loco por tri América". Diferentemente de 2006, quando a Libertadores foi muito fácil pela composição das equipes e ausência de clubes tradicionais como o Boca Juniores, a competição deste ano promete ser uma das mais difíceis da história. Gremista conhece mais do que ninguém no Rio Grande do Sul as dificuldades de um campeonato da América, seja pela qualidade dos adversários ou o fator violência dentro e fora das quatro linhas. Quem não enfrentou algo semelhante a La Plata em 1983, por exemplo, ainda não conhece o que é Libertadores. Uma reportagem publicada pelo Lance nesta semana ilustra bem o que aguarda o Grêmio:

A onda de violência no futebol argentino continua sem precedentes e a novidade dos vândalos de lá é dar aula de como instituir badernas. Estes violentos torcedores têm ensinado seus métodos a torcedores de equipes do México e Colômbia. E o mais curioso: Eles cobram por isso. As informações foram divulgadas pelo diário argentino "Olé", que entitulou a notícia de "Colégio de animais". Segundo informes de um orgão responsável pela segurança no futebol e da Polícia Federal argentina, membros das torcidas conhecidas como "barra bravas" dos clubes de Buenos Aires passam seus conhecimentos a mexicanos e colombianos de como tumultuar ambientes e cobram em dólares pelo "serviço prestado". Os "professores" ensinam como arrecadar fundos - provenientes de extorsões a dirigentes e jogadores dos clubes -, conseguir ingressos de graça e a cobrarem um "pedágio" dos vendedores informais, que trabalham próximos aos estádios de futebol.

No ano passado houve um congresso sobre violência no futebol em Pachuca (México) e outro em Cali (Colômbia). As forças de segurança desses países nos passaram o que estava acontecendo, nos dando, assim, o tamanho da problemática - informaram fontes do governo ao "Olé". O jornal argentino ainda citou fotos em que as "aulas" são realizadas em um estádio colombiano. "Nos mostraram fotos de uma partida na Colômbia, onde misturados aos colombianos, estavam argentinos vestidos com camisas do Chacarita Juniors, Boca Juniors e River Plate, instruindo aos torcedores locais a logística da baderna", indicou a mesma fonte governamental. Rafa Di Zeo, um dos líderes de uma das principais torcidas organizadas do Boca Juniors, em entrevista a um canal de televisão de Buenos Aires, no ano passado, disse que assessorava torcedores organizados de outros países. "A torcida do Boca para os "barras" de todo mundo é como a Universidade de Harvard. Eles vem para cá para aprender", disse Di Zeo.
A matéria aponta que os torcedores do Pumas, Tigres e América, todos do México, e do Deportivo Cali e América de Cali, da Colômbia, são os "mais estudiosos". O chefe da torcida do Pumas, apelidado de Nariz, esteve duas vezes em Buenos Aires hospedado no Hotel Interncontinental, acompanhando de perto os ensinamentos dos "mestres" ligados à torcida do Boca. Quando os "ensinamentos" não são passados pessoalmente, as "lições" são passadas pelo Internet, pela qual os argentinos enviam gritos de guerra, em formato mp3, com as músicas que se escutam na Argentina, porém com letras adaptadas a cada realidade. O envio de músicas inclusive criou um problema. Quando o grupo musical "Los Auténticos Decadentes", da Argentina, foi tocar em Monterrey (México), torcedores do Tigres e do Rayados, rivais locais, cantaram gritos de guerra, adaptados para cada torcida, o que provocou um grande enfrentamento. Resultado: O show foi encerrado.

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