terça-feira, fevereiro 13, 2007

CRAQUE X CLUBE

Muito se tem dito dos craques como o "coração" do futebol, a grande mola motora, que a paixão do torcedor é o craque. Afinal, dizem uns, os torcedores vão ao estádio ver os craques. Será que vão mesmo? O que leva, principalmente no Brasil, os torcedores ao estádio? Pergunte ao torcedor se ele prefere ver uma grande jogada do craque ou um gol do seu time do coração? Fosse, assim, todos os torcedores ficariam contentes com uma grande exibição de um craque adversário, mesmo que seu time do coração perdesse.
Na verdade, o que leva o torcedor ao estádio é o CLUBE e seu time. Quando um torcedor fica feliz com um novo craque, seja de categorias de base (vejam o Lucas) ou uma contratação, fica feliz por que o craque vai jogar pelo seu time. Você ficaria feliz em saber que um novo craque vai jogar pelo time adversário?
Não se está dizendo que torcedores não gostam de ver craques de outro time. Mas entre ver craques de outro time e o seu time, o torcedor fica com a segunda opção. Você deixaria de ir ao estádio ver Grêmio x Guarany (VA) para ficar em casa vendo Barcelona x Milan? E isso que essa comparação é forçada. Também não estou dizendo que o torcedor não gosta de bom futebol...
No longo prazo, se não tivéssemos mais craques, talvez a paixão pelo futebol diminuísse ou morresse; mas este não é o caso.
Aonde se quer chegar com este argumento? Simples, nos casos Ronaldinho x Grêmio, Dagoberto x Atlético-PR, Pelé que me desculpe, mas preservem-se os clubes. Ao buscar privilegiar os craques, a nova legislação, que acabou com a lei do passe (para os clubes - agora o passe é do empresário) prejudicou os clubes. E isto sem melhorar a qualidade do espetáculo, principalmente no Brasil, onde agora se joga a segunda divisão européia.
Neste ponto o caso do Ronaldinho é emblemático. Depois de toda confusão do irmão dele no início da década de 90, Ronaldinho, através de seu irmão, protagonizou uma saída do Grêmio no mínimo antipática. Quando após vários anos, articulações de bastidores, se preparava uma reaproximação do clube, eis que Assis, publica e notoriamente leva seu filho a jogar no arqui-adversário. Tudo bem, ele tinha (e tem) o direito de fazê-lo. Mas não precisava fazê-lo escandalosamente, caso realmente tivesse interesse em superar o passado.
Sei, este caso tem uma série intrincada de lances e diversos pontos de vista, inclusive, muito justamente o ser humano e as questões éticas. Mas há que se considerar a boa-vontade de cada envolvido. Fecho este comentário parafraseando célebre pensamento : “os craques passam, os clubes ficam” (felizmente).

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