Finalmente, um artigo a abordar com conhecimento e visão o perigo da violenta torcida do Boca em Porto Alegre. Antes, só este blog vinha fazendo as advertências com a medida suficiente. Foi a torcida mencionada por Luiz Zini Pires que atacou os gremistas na Boca e da qual até a polícia fugiu.
Paulo Sant'ana (interino)
18/06/2007
Hooliganismo sul-americano
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(...) Em dois dias, Porto Alegre recebe o Boca Juniors, 16 títulos internacionais (só o Milan tem número igual), na decisão da Taça Libertadores da América. Junto, devem desembarcar na Capital cerca de 3 mil torcedores, parte empoleirada em desconfortáveis ônibus fretados (os mesmos que estacionam no verão em Santa Catarina) e sem ingresso. Será uma noite única, mas uma noite trágica se as autoridades não tratarem o jogo, o Olímpico e seu entorno, da Fronteira à Azenha, com todos os cuidados de uma missão de guerra. Talvez este seja o jogo de futebol de maior risco na história do futebol gaúcho. Eu já vi muitos confrontos parecidos quando vivia na Europa. Assisti a uma polícia bem treinada e organizada se armar para uma guerrilha urbana, com helicópteros, carros especiais, cavalos, cães, bombas de gás lacrimogêneo, câmeras e tolerância zero com os baderneiros. Os outros, não. Os bons torcedores são sempre bem-vindos.
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O Boca não é time comum. É religião aceita pela maioria da Argentina. Certos fãs cultuam a Igreja Maradoniana, de senhor e profeta único, Diego Armando Maradona.
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O Boca nunca anda só. Uma multidão em azul e amarelo segue o clube e no burburinho um rosto é conhecido. Pesquisa disse que 84% dos argentinos sabem quem ele é. Ao deixar o meio do povo, um portenho de 45 anos ganha face, sobrenome e fala em nome de uma minoria do mal. Ele se chama Rafael Di Zeo ou El Rafa e é, desde 1996, o líder dos barrabravas, dos hooligans, dos desordeiros, dos vândalos enfiados no meio da torcida do Boca. Ele lidera uma organização ilegal composta por mais de mil jovens conhecida como La Doce ou La 12. El Rafa está condenado a quatro anos e três meses de cadeia por agressões a torcedores do Chacarita Juniors, em 1999 (seu irmão Fernando foi condenado a três). Na Bombonera, mítico estádio do Boca, Di Zeo usa regras próprias para retirar os torcedores das filas e colocá-los dentro do estádio ao seu comando, às suas ordens. Seu antecessor, Jose Barrita, El Abuelo, foi condenado pelo assassinato de dois torcedores do River, o rival do Boca. Quem quiser assistir a um jogo em Buenos Aires ao lado de El Rafa, pode fazê-lo, basta pagar R$ 300. Ele é atração turística na Bombonera. É uma aberração.
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Não sei se Di Zeo está solto, preso ou se já alugou seu ônibus. Se ele ficar em Buenos Aires, viajam seus lugares-tenentes. Gente estúpida escondida atrás de uma camiseta de futebol, capaz de arruaças onde a morte nunca é intrusa. Sei, tenho certeza, que os barrabravas estarão entre nós na quarta. Você verá. A Europa tem os seus, mas pelo menos tomou uma decisão. Confisca os passaportes dos hooligans quando os times deles deixam o seu país. No Brasil, nós temos os nossos. Mas eles continuam livres, esperando...
psantana.colunistas@zerohora.com.br
Luiz Zini Pires
segunda-feira, junho 18, 2007
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