quarta-feira, janeiro 10, 2007

GRÊMIO SEGUNDO WALTER GALVANI

No dia 15 de setembro de 1903 nascia o Grêmio Porto-Alegrense, fruto dos sonhos de um grupo de jovens que se dedicavam ao futebol em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Hoje portanto, 99 anos postado por Walter Galvani em 15/09/02
GRÊMIO CENTENÁRIO
Walter Galvani
Não é a conquista de um título mundial interclubes de futebol (1983), não é a coleção de títulos regionais, os campeonatos nacionais, as excursões vitoriosas pelo exterior, os troféus de Campeão da América, que contam no dia de hoje, 15 de setembro. O que vale é o assombro, num mundo de coisas tão efêmeras, assinalar que algo formado por um grupo de rapazes, apenas um grêmio de mocidade, tenha se transformado nesta realidade fantástica que a partir de hoje começa a contagem regressiva para um século. Já me dizia outrora o jornalista Breno Caldas, quando falou com todas as letras sobre a decadência da empresa de sua família – hoje felizmente resgatada (em 1984) pelo Sr. Renato Ribeiro – e o então possível fim do “Correio do Povo” que em sua opinião “os homens e suas realizações empresariais pareciam limitadas a um século”. Em parte ele tinha razão com suas observações, basta se verificar quantas organizações foram ficando pelo meio do caminho, aos 50 ou 70 de idade. E quantos humanos, claro. Mas, um clube é o fruto de uma dezena ou centena e mais adiante milhares de desejos e sonhos de pessoas diversas que se unem no objetivo comum. E com isto se ultrapassam as limitações. O Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense foi mudando de nome, aportuguesando-o e simplificando. Hoje, no mundo inteiro é conhecido como o “Grêmio” ou, conforme o caso o Grêmio de Porto Alegre ou o Grêmio do Brasil. Tantos são os êxitos colecionados ao longo destes cem anos que examiná-los um por um, aqui não caberia e não concentraria é claro, todo o significado de seus feitos que transpõem as limitações puramente esportivas. Ser gremista, unir-se pelas cores azul, preto e branco, ser tricolor como se dizia à época do cinqüentenário ou alinhar-se hoje entre os “torcedores” passou a ser “um estado de espírito” e a integração “em uma família”. Assim que os resultados ocasionais nem sequer alcançam significado em toda esta longa trajetória. O Grêmio construiu sua reputação, seu estádio (o magnífico Olímpico em Porto Alegre), sua glória (procurem a Sala dos Troféus) e sua mística (perguntem aos rivais) acumulando acertos que começaram lá naqueles jovens fundadores, a 15 de setembro de 1903, quando eles sequer imaginavam até onde chegariam. Sua história fundiu-se e entrosou-se com a história de Porto Alegre que de modesto porto e capital regional, com seus trinta mil habitantes de então, chegou ao milhão e meio de hoje, pólo regional, numa região metropolitana de mais de quatro milhões e a capital de um estado com mais de dez milhões de pessoas. Mas, a torcida do Grêmio, esta se espraiou pelo país inteiro. Em qualquer recanto onde haja gaúchos ou seus descendentes, ou onde existam simpatizantes de uma forma de jogar futebol que consiste em dedicação, garra, luta infinda até o último minuto de uma partida, aquilo que costumamos classificar como "virtudes gaúchas", ali estará presente o espírito que consagrou tantas gerações de gremistas. Ou parafraseando seu slogan, onde estarão pessoas “com o Grêmio onde estiver o Grêmio”. Trabalhei direto no setor de esportes de grandes jornais do sul, de 1955 a 1967. Sei bem o que significa esta força e esta “religião”… Lá fiz amigos e colhi lições proveitosas e embora manifestando, coisas de jovem, minha preferência pelo maior competidor e rival, o Internacional, aprendi a ser gente convivendo com pessoas como Fernando Kroeff, patrono do Grêmio, Oswaldo Rolla, o “Foguinho”, ex-jogador e grande treinador, Rudy Armin Petry, um grande dirigente que hoje volta a dar de si pela grandeza do seu clube e tantos outros atletas, dirigentes, torcedores que assinalaram minha jornada. Valeu a pena acompanhar o Grêmio e dou graças a Deus por ter chegado até aqui. Nós todos vivos e fortes e acreditando no futuro. Grêmio é hoje uma espécie de identidade, regional, nacional. Esperamos que vá muito além dos cem anos...

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