Mr. Blatter, o co-irmão e as bailarinas da Catalunha.
Demorou. Somente nas proximidades do seu centenário, nosso tradicional rival conseguiu justificar o nome de batismo. É quase inverossímil para os gaúchos e brasileiros, mas após décadas (ressalvando-se a travessia na divisa com Santa Catarina, em 1992) como Sport Club Regional , nosso vizinho da Padre Cacique se enquadra na condição de clube continental. Alguns, neste momento, enaltecem a figura do presidente, da diretoria, do planejamento e da organização dos alvirrubros neste finado 2006. Justo e inegável destaque. Mas, sinceramente, não há como negar que o principal responsável pela redenção colorada (pelo feito de se juntarem ao seleto grupo de agremiações com o título de campeões mundiais) é o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e sua ainda insuperável coleção de troféus e façanhas. Ganhamos de tudo e quase tudo. Sim, à vontade de igualar-se ao grande adversário foi a principal força motriz na dura e oscilante trajetória colorada, dos anos oitenta até hoje (e não somos mal agradecidos, reconhecemos que foram vcs. que nos instigaram a conquistar o território tupiniquim num primeiro momento), repleta de fracassos e frustrações. Um misto de admiração velada e inveja corrosiva, constituiu-se no motor e no combustível que começou a mover o Inter do seu pântano de fiascos, do seu atoleiro que parecia interminável. Mesmo quando, graças a dirigentes que pareciam cortejar o vermelho, estivemos próximos da mais completa desmoralização, nosso co-irmão não conseguiu se sobressair de forma satisfatória. Foram anos de descontentamento e revolta no Beira-Rio, sempre agravados quando das inúmeras vitórias e conquistas relevantes do nosso tricolor. Um Grêmio cada vez mais gigante e um colorado acanhado, envergonhado e circunscrito ao nosso universo pampiano. Foi por isto que seguiram nossos passos, procuraram se informar e se estruturaram nos moldes dos caminhos vitoriosos por nós já percorridos. Fernando Carvalho não se constrangeu em agradecer a Fábio Koff "pelas dicas" e orientações para chegar ao Japão e buscar o que mais queria. E, conforme publicado em recente entrevista, não foi a primeira vez que buscou inspiração no GRÊMIO. Aliás, até mesmo na torcida gremista nossos adversários procuram se espelhar. A Geral do Grêmio, movimento espontâneo e surgido na base dos torcedores de arquibancada , é hoje referência no Brasil e até no exterior. Com seu modo aguerrido, solidário e apaixonado de torcer, os "geraldinos" criaram uma ciumeira danada na vizinhança. Não demorou em surgirem conselheiros e dirigentes do inter que bancassem uma espécie de "cover" da Geral do lado de lá. Ficou, na verdade, me desculpem a franqueza, uma imitação que deixa muito a desejar. Virou uma espécie de caricatura da sua original tricolor e que não é levada a sério até mesmo por outras facções de torcedores colorados. Igual, tem todo o direito de se organizarem da forma que bem entenderem, embora até onde sei, não queiram reconhecer a paternidade. Mas, deixando o que é irrelevante e voltando ao que interessa nestas poucas linhas. Não vamos desdenhar, agora, a vitória colorada sobre os bailarinos da Catalunha. Poderíamos ser rancorosos, como os torcedores do Nacional , e dizer que só chegaram a terra do sol nascente graças à afanada histórica (e memorável) de dois gols legítimos (lá em Montevidéu, até hoje, o trio de arbitragem desta partida ocorrida no Beira-Rio responde pela simpática alcunha de "delinqüentes") surrupiados do tricolor uruguaio. Não vamos desmerecer os participantes da competição oriental, hoje saudada como um marco futebolístico, destacando-se o poderoso Al Ahly (time preferido das múmias e do faraó, por certo) e seu técnico Manoel José ou o fortíssimo Auckland da Oceania. Este último, equipe amadora que treina três vezes por semana, à noite, já que seus jogadores são profissionais liberais, alguns trabalham no comércio, em bancos, o goleiro faz fretes com um caminhão, outro já é aposentado, e assim por diante. Não vamos esculhambar com esta bem sucedida idéia, do Sr. Blatter, de um torneio de integração mundial, composto de algumas preliminares com patéticos coadjuvantes, mas que, certamente, pode render alguns dividendos (seja política e/ou comercialmente), antes do velho, esperado e conhecido embate entre europeus e sul-americanos. Respeitamos a iniciativa e não desqualificaremos o torneio (já vou avisando nossa intenção de também buscá-lo, sem nenhum preconceito). O que não se pode aceitar, contudo, é o surrado e, hoje, oportunisticamente renovado discursinho colorado de que o nosso título mundial não tem validade. Contraditoriamente, quando fomos derrotados (nos pênaltis) pelo Ajax e pelo juiz inglês, em 1995, fizeram talvez a maior de suas comemorações. Engraçado aquela festa toda e a imensa "secação" ocorrida, todo interesse rubro demonstrado naquela ocasião. Afinal, era só o troféu de uma "montadora" (por acaso a mesma que carimbou seu nome na Libertadores ganha pelos nossos vizinhos). Chega, portanto, a ser risível a pretensão dos nossos rivais. Senão vejamos: a julgar pelo caráter oficial e autoridade do Suíço que a preside (penso que este Sr. deve entender mais de relógios e queijos), o Corinthians, que nunca foi campeão da América, sequer de uma Conmebol, é considerado um "Campeão Mundial FIFA", após aquele torneio de verão patrocinado pela entidade máxima do futebol em 2000 ! Na época, por certo, dentro dos mais elevados conceitos éticos, dirigentes da FIFA, e da nossa cartolagem local ,devem ter concluído a "legitimidade do timão" em ingressar na disputa, junto com o Vasco do nobre Eurico Miranda. O desfecho disto foi, obviamente, a chancela da FIFA no resultado final. Já a disputa que ocorre desde 1960 e que envolve sempre os dois principais continentes da bola (primeiro chamada de "Taça Intercontinental" e, na seqüência, levada ao Japão com o nome de "Mundial Interclubes"), na manifestação ridícula de torcedores, dirigentes e jogadores (a propósito, quem é o tal de Alex ???) do atual vice-campeão gaúcho ... nada vale ! Quem sabe o Internacional não faz um ofício, com a assinatura do Sr. Blatter e pede para o ídolo Gabiru (agora eternizado com seu gol e seu topete) levar, em primeiro lugar, ao Morumbi. Chegando lá, pode pedir para o São Paulo arrancar o letreiro onde se lê "Tricampeão Mundial". Pode também ir a Vila Belmiro e dizer que o Santos daquele "timeco" do Pelé não tem o direito de legar para o atual fardamento do clube a inscrição "Bi Mundial". Vá a Gávea, igualmente, Gabiru. Mais tarde, comunique ao Real Madrid que seus três troféus também podem ser colocados de lado. Avisem ao Boca Juniors (especialmente sobre 2000 ... "título" corinthiano FIFA), lá na mítica Bombonera para desconsiderar os seus campeonatos mundiais, também. O Independiente, o Racing, os uruguaios (se bem que o pessoal do Nacional não vai querer receber emissários do inter tão cedo ... e, logo ali na frente, bom lembrar, vai ter que ajustar contas no campo). Resumindo: todos tem que jogar as suas trajetórias e os seus troféus na lixeira, pois a torcida do inter e seus dirigentes assim entendem ! Ah, importante ! Após notificar todos os clubes da Europa e da América, avisem ao Iarley e ao Vargas, dentro do Beira-Rio que (para estupefação de ambos) os dois não são bicampeões mundiais ! Por favor, chega a ser cômico. Só pode servir mesmo para divertir um pretenso debate destes . Uma última manifestação sobre o chamado "Ronaldinho Gaúcho", agora também, merecidamente, ex-primeiro do mundo. De longa data, trata-se de sujeito que não pode ser vinculado a nossa gloriosa instituição. Afinal, trata-se de um renegado. Simplesmente fugiu pela porta dos fundos do Estádio Olímpico, lugar que era considerado por ele e por seus familiares como "uma segunda casa". Mesmo que, eventualmente, os dirigentes gremistas daquele período possam ter cometido algum equívoco, nada justificou e justificará a falsidade e a covardia deste rapaz e de toda sua família. Não o considero um jogador de futebol, vejo ali apenas um exibicionista, um marqueteiro, um produto de prateleira que tem seu rosto estampado em qualquer boteco, em qualquer supermercado. Uma marca registrada preocupada em projetar única e exclusivamente a si próprio. Um tremendo egoísta que tem a sua mente e suas habilidades voltadas para os holofotes, para os flashs e tudo que possa engordar ainda mais sua volumosa e incomensurável conta bancária. Esperar que alguém assim fosse se empenhar, fosse querer disputar algo por um coletivo, é se iludir em demasia. Nesta partida de Yokohama, a cada lance insosso, a cada bola ridiculamente desperdiçada, percebia-se nele o sorriso dos dissimulados. Ria frouxo e faceiro, pois, logo ali adiante, já estaria envolvido em mais uma campanha publicitária milionária. Este cidadão não tem nada haver com o GRÊMIO, não tem nada haver, aliás,com paixão clubística alguma. É só mais um destes mercenários que não tem bandeira e que o próprio tempo, mesmo demorando, vai se encarregar de colocar no mais resoluto ostracismo. Que ele continue longe da Azenha, de preferência pela eternidade (consagrado na nossa "calçada da lama", como bem disse o Peninha). Para concluir, é bom que todos os gremistas saibam que o que foi ganho ali no aterro do Guaíba não nos desmerece, não nos torna menores. Nossa história de superação e glórias continua intacta e viva. Nosso orgulho (que eles sempre consideraram empáfia) de sermos torcedores do clube mais vencedor do Sul do Brasil permanece sólido e justificado. Sobram taças, sobram alegrias e , sobretudo, sobra convicção de que vamos continuar ganhando os pódios do Brasil e do Mundo. Outras conquistas virão ... para desespero dos que ainda continuam correndo atrás do nosso querido e imortal tricolor por conta das suas memoráveis jornadas. A massa gremista, (melhor média de público e líder de arrecadação no Brasileirão 2006), senhoras e senhores, está acostumada a vencer e vai seguir comemorando e celebrando seu amor por este clube extraordinário. Que os colorados aproveitem o bom momento, pois nós vamos em frente determinados. A América é logo ali e ... não é querer se gabar, mas nós conhecemos muito bem este mapa da latino-américa, com todas às suas cores e sotaques.
Um 2007 em azul, preto e branco para todos nós.
Jorge Bettiol.
Um 2007 em azul, preto e branco para todos nós.
Jorge Bettiol.
Obs. Com todo o respeito, democraticamente publicamos e divergimos da parte pesada em relação ao Ronaldinho. No mais, este "manifesto" é uma preciosidade.
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