sexta-feira, janeiro 02, 2009

Da série: Para Ler e Refletir

A REPERCUSSÃO (18/12/08)

Votaram a favor. Mas, prudentemente ainda não assinaram. Foi prorrogado para sexta-feira, num encontro entre a atual direção, a que tomará posse e o jurídico do clube. Foi tamanha a quantidade de dúvidas e pendências que desabaram sobre a reunião do Conselho Deliberativo que ficou inviável firmar o contrato GRÊMIO/OAS naquele momento. Além disso, sugestões foram apresentadas. O que muitos denominaram um longo encontro (mais de cinco horas) é pouco se considerarmos às mais de duas décadas da vida gremista em regime de votação. Não era qualquer decisão: o nosso futuro tricolor sendo decidido. Houve expectativa e apreensão. Principalmente pelo fato inconteste da maioria do legislativo gremista (assim como a quase totalidade da Nação Gremista) não ter manifestado conhecimento dos termos da minuta que seria apreciada. Vamos repetir: grande parte dos próprios Conselheiros não leram, não tinham a menor condição de explicá-la e, muito menos, fazer a sua sustentação. Alguns alegaram que "delegaram" aos componentes das várias comissões esta tarefa e que confiavam no que seria apresentado por estes responsáveis. Não há dúvida que nas relatorias, oito no seu total, gremistas capacitados (alguns, quem sabe, com notório saber das matérias a eles dispensadas) trariam suas análises norteadoras. Igual, tinham a prerrogativa (eu diria obrigação) estes Conselheiros para buscar a minuta junto aos órgãos dirigentes para dela se apropriar com mais tempo e também opinar com mais confiança junto às comissões. Saudações aos que assim procederam. É o que se espera dos que têm uma procuração dos sócios: a tácita exigência de uma postura ativa e não passiva diante dos acontecimentos no clube. E vejam a envergadura, a dimensão deste acordo jurídico sobre a ARENA. Incrivelmente, após meses e meses deste importante assunto, as estruturas diretivas do Grêmio não foram capazes de elaborar um agendamento que contemplasse um período razoável para um veredicto do C.D. Algo simples: além de um período para as comissões elaborarem suas conclusões, com antecedência remeter a todos os Conselheiros tais pareceres. Um novo prazo (e não necessitaria ser extenso e sim razoável) para que de posse destes subsídios pudessem estudar os materiais, ter uma posição refletida, serena e firme. Inclusive tendo a oportunidade de conversar com os associados. Na seqüência, uma reunião só para debate, com propostas de adendos e supressões, no Conselho. Por fim um encontro, logo em seguida, com caráter de deliberação nesta mesma instância. Quem sabe 30, 45 dias para toda esta etapa descrita de finalização. Qual o problema, a dificuldade para elaborar, pensar e definir com tranqüilidade e segurança algo que nos acompanhará por mais de vinte anos? Por qual razão não foi constituído um calendário antecipado e prudente. Mas, voltando ao que foi e esquecendo o que poderia ter sido. Retornando aos relatórios. As leituras se estenderam até quase meia-noite, segundo depoimentos. Qual discussão aprofundada, com o intuito de fechamento e resguardo dos interesses do Grêmio e do seu torcedor, é possível numa exigüidade destas? Soube-se que uma idéia de suspender o encontro foi apresentada próximo da madrugada, propondo retomá-lo (de onde tivesse parado) em uma semana. Não houve consenso. Foi aí que o presidente Duda Kroeff preferiu (com apoio do plenário) um encaminhamento insólito devido ao impasse: aprovar sem assinar. Nesse sentido, tudo foi postergado por mais 72 horas. Uma confirmação cabal da insuficiência de elementos e de uma compreensível insegurança para formalização do encaminhamento. Nem tudo constava "perfeito e acabado" como alguns imaginaram. Agora, está sendo conduzido da seguinte forma: será incorporado "o que for possível" (a respeito dos questionamentos e sugestões que surgiram no C.D.) ao contrato. Só saberemos o conceito e o conteúdo do que é "possível" agregar, após esta sexta-feira derradeira. Fica, desde já, a reivindicação de que o clube dê publicidade e disponibilidade para os seus sócios, a sua torcida, sobre o que for ajustado definitivamente entre o GRÊMIO e a OAS. Total transparência não pode ser uma frase de efeito, de ocasião, mas uma prática permanente no Grêmio.

O sério e exaustivo trabalho desenvolvido pela Associação dos Gremistas Patrimoniais (o qual foi disponibilizado por uma convocatória pública a todo e qualquer interessado – e lá não vimos ninguém dos diretamente envolvidos na vulnerável minuta GRÊMIO/OAS se apresentar para contestar em contrário) foi um forte subsídio e o estopim para esta mobilização que mexeu com a torcida gremista. O que nos causou profunda indignação e divulgamos para os que acessam este site, tendo como base este estudo, acabou comprovado. Na proposta original deste contrato, nenhuma cláusula expressa garantia os direitos dos milhares de associados do tricolor. Sustentaram algumas celebridades gremistas (dias atrás) "que nem deveria, pois o problema é do Grêmio e não da OAS". Poderiam deixar tal comentário para um dirigente da empreiteira baiana. Ou quem sabe calados, num exercício de contrição, estabelecessem uma autocrítica por nestes meses todos de trâmites do projeto ARENA não terem proposto um discussão ampla e franca no âmbito do clube sobre os reais e efetivos direitos dos sócios num futuro estádio. Deixando tudo absolutamente claro, explicitado e, depois, garantido nos instrumentos legais. Assim não chegaríamos neste dezembro com tantas perguntas e poucas respostas materializadas. Priorizando desde o primeiro instante, de fato, aquele que no slogan publicitário é chamado com justeza de "o torcedor que faz a diferença" talvez diminuísse o volume (não o mérito) das indagações. Mas, parece que avançamos: de várias declarações preliminares do tipo "os direitos poderão ser garantidos se o Conselho quiser" ou "se o Grêmio quiser poderão ser garantidos os direitos", tudo para um momento seguinte, subseqüente, passamos a escutar: "podem ficar tranqüilos: todos os direitos dos sócios estão garantidos (Odone e Antonini)". Ok. Fazemos questão de registrar por ter sido um pleito aqui exigido nessa estória toda. E, mais adiante (se necessário) iremos lembrar e cobrar. Estejam certos. Este olhar fiscalizador das arquibancadas, que engajou dezenas de gremistas, vai continuar.

No debate promovido pela Rádio Guaíba na noite de segunda-feira (15/12), o representante da AGP (o advogado Antônio Carlos Azambuja) afirmou categoricamente que "estamos a 24 horas da votação do contrato e os direitos dos sócios gremistas não estão garantidos no futuro estádio". Não foi possível pelos debatedores presentes (e havia uma pluralidade de grupos) refutar tal colocação pela evidência de tratar-se de uma triste realidade. Nesta ocasião, um colunista do Correio do Povo, antes do término do debate fez uma chamada intitulada "a força da pressão", onde citava que naquele mesmo instante (devido à insurgência de sócios gremistas de várias modalidades em busca dos seus direitos) uma reunião para alterações na minuta estaria em andamento. No dia seguinte (16/12), no jornal referido, publicaria o seguinte: "atenção sócios do Grêmio. A comissão de assuntos legais e estatutários debateria, ontem, uma nova redação para minuta do contrato entre o clube e a OAS". Os detalhes do conteúdo desta nova redação (e se foi exatamente sobre isso) não sabemos, mas que ocorreram movimentações, fruto da enorme repercussão do assunto "sócios", não há dúvida. Notório também que cláusulas que protegiam a OAS dos detentores de direitos no Olímpico apontavam lesão a direitos do quadro associativo. E foram alertadas e destacadas em vários Blogs e sites gremistas graças ao empenho destes integrantes da AGP.

Neste site somos todos sócios contribuintes. Sabemos do esforço dos milhares de torcedores em pagar suas mensalidades para acompanhar o amado tricolor. Outros tantos para adquirir um ingresso. Em nosso entendimento de nada adianta um estádio moderno e com vários outros atributos se o conjunto dos torcedores gremistas , mais adiante, for excluído de freqüentá-lo por questões econômicas. Não queremos ninguém rifado por concepções elitistas. Com a exceção dos filhinhos de papai com a mesada em dia e que se contentam com poltronas reclináveis, sacos de amendoim higienizados e whisky importado para consumo nos dias de jogo, a esmagadora maioria da massa gremista compartilha deste nosso mesmo sentimento. A estes em particular, que fazem a grandiosidade do povo tricolor, agradecemos as manifestações. Assim como também somos gratos aos que, defensores de uma posição na qual a minuta não deveria ser objeto de uma resposta tão contundente da nossa parte, procuraram argumentar em sentido contrário (mesmo que tenhamos mantido os posicionamentos, em ambos os lados). O resumo é: queremos fazer a nossa festa, levar a nossa vibração, numa cancha que seja do Grêmio de fato e de direito. Propriedade dos gremistas e com pleno e total direito de usufruto. E que a mesma pulse no ritmo da Geral nos levando a novas conquistas, nos levando a novos pódios.

Este espaço não se subordina e nem se vincula aos grupos políticos do clube. Entende, inclusive, que uma lógica de disputa de espaço preponderou sobre o que deveria ser a preocupação central de todos os coletivos: a minuta do tão comentado contrato. Engalfinharam-se por nomes para famigerada "Grêmio Empreendimentos", enquanto o conteúdo do acordo com a OAS (até ocorrer o grito e o protesto da torcida) passava praticamente lotado. Que se preocupassem em listar suas nominatas mais adiante, pois a nós preocupava e preocupa a essência deste negócio jurídico: preservar o patrimônio do Grêmio e os interesses do seu inigualável torcedor. A democracia gremista é ainda incipiente, mas já sinaliza lições e um aprendizado para todos nós que lutamos por um Grêmio cada vez mais vitorioso dentro e fora de campo.

* Contratações estão chegando. Assunto para breve.

Jorge Bettiol
ducker.com.br

3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente o texto do Bettiol.
Quem o conhece, sabe da integridade do mesmo.
Parabéns a este blog por publicar esse post.

Anônimo disse...

Concordo com as idéias do post.É necessário ter uma postura proativa. Por tudo que já li e ouvi os sócios do Grêmio não tem nem uma garantia de que suas necessidades serão atendidas e seus direitos preservados.Uma pergunta:quantos conselheiros viram e leram o contrato?

Anônimo disse...

Extraordinário texto do Sr. Jorge Bettiol. Sempre corajoso nas suas análises. Feliz postagem.
Em tempo: os canalhas se escondem no anonimato e se impõem pelas mentiras.
O que será do Grêmio depois deste contrato defendido por quem dizia defender os sócios ?
Meu DEUS .........................